O governo Jânio Quadros
Um candidato diferente e um presidente mais doido ainda. Jânio Quadros foi presidente do Brasil por um curto período de sete meses, entre 1961 e 1962. Ele foi o responsável por trazer a oposição ao poder porém os planos de Jânio eram tão excêntricos que talvez só ele tenha sido capaz de entender. Conheça sobre o presidente que bagunçou a política brasileira do início ao fim.
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Uma campanha popular
Com a promessa de varrer a corrupção do Brasil, Jânio usou uma vassoura na campanha e apostou em um forte apelo popular com discurso nacionalista e moralista. Ainda na campanha, Quadros se vestia de gari para promover sua campanha e saía pelas ruas do Rio de Janeiro com uma vassoura, varrendo e distribuindo vassourinhas para os eleitores. A vassoura era um símbolo, com ela ele iria limpar a política brasileira de corrupção e imoralidade. Que apelão, não?
Apelão ou não, o cara era carismático. Chegava a ser caricato. Mas claro que ele não conseguiu isso sozinho. A campanha política de Jânio Quadros teve uma forte presença da mídia para vender essa sua imagem de líder do povo e defensor da moralidade pública. Quadros apresentou-se como um candidato independente, sem ligação com os partidos políticos tradicionais, o que ajudou a conquistar o apoio de muitos eleitores. Mas seu partido era a UDN, partido de oposição a Getúlio Vargas.
Mesmo assim, ele assume a presidência depois de Juscelino Kubistcheck. Nesse momento a presidência era um local complicado; o Brasil estava muito desestabilizado devido à construção de Brasília e das obras públicas feitas com empréstimos no exterior. Era preciso alguém que apaziguasse o congresso. No entanto, seu governo foi marcado por vários escândalos e controvérsias, que contribuíram para sua renúncia em agosto de 1961.
Presidente Jânio Quadros
Durante sua breve passagem pela presidência do Brasil, o governo foi marcado por escândalos. Um dos principais envolveu o ministro da Fazenda, Clemente Mariani, que foi acusado de corrupção e de usar seu cargo para benefício próprio. Como cortina de fumaça, Jânio chamava a atenção da população Proibiu o biquíni na transmissão televisionada dos concursos de miss, proibia as rinhas de galo, o lança-perfume em bailes de carnaval e regulamentava o jogo carteado.
Claro que nem tudo era errado. Jânio Quadros se destacou na preservação do meio ambiente, criando as primeiras reservas indígenas do país, incluindo o Parque Nacional do Xingu. Criou os primeiros parques ecológicos nacionais. Ainda propôs a reforma agrária, que seria pioneira no país. Infelizmente, esses projetos nunca foram votados pelo Congresso, que se recusou a apoiar o governo de Jânio e engavetou as propostas.
Abertura política confusa
É na política externa que tudo sai do controle. Jânio defendeu a política de autodeterminação dos povos, até então tudo bem. Mas no meio da Guerra Fria ele criticou o episódio da Baía dos Porcos e a interferência dos Estados Unidos em Cuba, que resultaram no isolamento do país caribenho. Só isso já era o suficiente para ele arranjar inimigos entre os setores conservadores e militares do país.
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Mas Quadros continuou sua abertura diplomática com países comunistas desagradando até mesmo aliados da UDN quando concedeu a Che Guevara uma medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul. Jânio estabeleceu relações diplomáticas e comerciais com a União Soviética e a China, o que ia contra o plano geopolítico e geoestratégico de inserção do Brasil no mundo. Esses conflitos e escândalos minaram a sua popularidade e contribuíram para a saída inesperada da presidência.
A renúncia ocorreu em 25 de agosto de 1961, após apenas sete meses de governo. Em sua carta de renúncia, Jânio alegou “forças terríveis” que o impediam de continuar no cargo. Há diversas teorias sobre as reais causas da renúncia, como a pressão dos militares, a falta de apoio no Congresso Nacional e até mesmo questões pessoais. O fato é que sua saída do poder gerou uma grande crise política no país, que não acabou sendo resolvida com a posse do vice-presidente João Goulart. Toda essa instabilidade deixou caminho para a ditadura militares instaurar-se no Brasil.
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