As Grandes Navegações
As Grandes Navegações ocorrem no início da Idade Moderna, a Europa passava por uma crise, em virtude de que tanto o campo como a cidade consumiam mais recursos do que produziam. Pra ter uma ideia, se estivermos nos referindo à comida, eles comiam mais do que produziam. Como se a escassez de alimentos não fosse o bastante, também não havia uma distribuição de recursos eficiente. Muita gente morreu na epidemia de peste negra um século atrás e a Europa ainda não tinha conseguido se organizar depois dessa grande perda.
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A saída para essa dificuldade, poderia residir no comércio internacional através das grandes navegações. Em um dos últimos conteúdos vocês estudaram sobre as cruzadas. Quem não recorda, as cruzadas eram uma série de campanhas militares por parte dos cristãos contra os muçulmanos. Essas missões militares trouxeram muito lucro aos europeus pois reabriram antigas rotas de comércio que estavam fechadas desde a época de Roma, rotas que ligavam a Europa até o oriente.
O “problema” dos muçulmanos
Desde muito antes das brigas entre cristãos e muçulmanos, o oriente era uma região de tremendas trocas culturais e muitas riquezas que por lá circulavam. Por exemplo, vamos destacar a Rota da Seda. Famosa por vender… SEDA! (mas seda mesmo tá? Tô falando do tecido, não do papel de enrolar maconha). As cruzadas serviram para mostrar que o comércio de especiarias que também vinha por essa rota era um mercado muito promissor devido ao alto lucro de venda dessas mercadorias. Com essas “novas rotas” abertas, eles poderiam chegar até o ocidente. Lá eles pretendiam comprar alimentos, vender produtos artesanais europeus e ainda conseguir ouro e prata para fazer moedas.
Tá, beleza! Mas e por que eles não faziam isso? Simples, os muçulmanos eram os donos da região do oriente médio. A passagem dos cristãos europeus era permitida somente se eles pagassem pedágio. Tinha outra alternativa que era comprar dos navegadores genoveses e venezianos (italianos), mas eles cobravam muito caro das suas mercadorias. Então ou pagava caro dos muçulmanos, ou pagava caro dos italianos. Rapidamente os comerciantes europeus descobriram que poderiam aumentar em muito os seus lucros se cortassem despesas de gastos com intermediários para a compra e venda dessas especiarias. Por esse motivo os mercadores começaram a estudar novas rotas e a se interessar principalmente na navegação.
Portugal sai na frente das Grandes Navegações
Nessa época, Portugal ainda nem era um país. Mas desde cedo, portugueses mantinham um comércio por mar com a Inglaterra e a França, assim, com o passar do tempo, ao invés de se focar na posse da terra (como a maioria das nações faziam) ele começaram a ter formada uma burguesia mercantil. Acontece que essa burguesia formou uma grande aliança com o futuro rei que expulsou os Espanhóis do seu território e colocou no trono um rei português (D. João I). Juntos, rei e burguesia permitiram que Portugal saísse na frente, pois todos queriam a mesma coisa: o comércio através dessas grandes navegações. Como, para tomar o comércio pelo mar era necessário combater os muçulmanos, obviamente a Igreja ficou “amiga” de Portugal, condecorando o um dos filhos do Rei (Infante D. Henrique) como o grão-mestre da Ordem dos Cavaleiros de Cristo.
A Escola de Sagres
A conquista de Ceuta, que era um posto avançado de comércio muçulmano no meio do Mediterrâneo, deu o título ao nosso D. Henrique, e pouco depois disso ele fundou em Sagres uma escola com o intuito de reunir geógrafos, navegadores e cartógrafos, todos com o objetivo de atrair qualquer informação, conhecimento que permitisse que estes conseguissem aperfeiçoar as técnicas de navegação. A Escola de Sagres vai ser responsável por grandes avanços tecnológicos, tais como a bússola (agulha magnética que sempre aponta para o norte), o quadrante (um arco graduado de 45º que ajuda a dar a latitude exata do navio) e o astrolábio (um disco que facilita a orientação da embarcação através das estrelas). E é claro, a invenção da mais nova embarcação que era a Caravela. Abaixo uma imagem e uma explicação de como funcionava o astrolábio.
Etapas da expansão marítima portuguesa.
A expansão marítima portuguesa interessava à Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à nobreza, interessada em conquista de terras; à Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar outros povos e a burguesia mercantil, desejosa de ampliar seus lucros.
A seguir, as principais etapas da expansão de Portugal:
1415 -tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África;
1420 -ocupação das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico;
1434 -chegada ao Cabo Bojador;
1445 -chegada ao Cabo Verde;
1487 -Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo das Tormentas;
1498 -Vasco da Gama atinge as Índias ( Calicute );
1499 -viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
Revisão:
Vamos resumir um pouquinho as causas. Assim podemos reunir elas em duas motivações:
Interesses econômicos:
1) a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico;
2) a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas;
3) romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo que contribuía para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente;
4) romper o monopólio exercido pelos Turcos Otomanos, que encareciam ainda mais os produtos do Oriente.
Sociais e Religiosos:
1) O enfraquecimento da nobreza feudal e o fortalecimento da burguesia mercantil.
2) A possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da Igreja Católica.
OPA! A Espanha entra na luta!
A Espanha será um Estado Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Dois importantes reinos cristãos que enfrentaram os mouros (muçulmanos) na Guerra de Reconquista do território espanhol. Enquanto isso Portugal andava a todo vapor, e isso chamou a atenção dos espanhóis. No ano de 1492 o último reduto mouro, conhecido como Granada, foi conquistado pelos cristãos, neste mesmo ano, Cristovão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da Espanha.
Momento baboseira: lembrem-se do episódio do Chapolin onde o Cristóvão Colombo (Chaves) vai ao encontro da Rainha Isabel (Dona Florinda) e Fernando (seu madruga) e pede para sair aos mares: – Quero avisar que a tripulação tem fome! Sei lá por qual motivo lembrei disso agora… mas ignora… vamos seguir.
Colombo acreditava que, navegando para oeste, atingiria o Oriente. O navegante recebeu três navios e sem saber, em 1942 chegou a um novo continente: a América. Pouco tempo depois em 1504, o navegador espanhol Américo Vespúcio afirma que a terra descoberta por Colombo era um novo continente. E, nos anos 1519 a 1522, Fernão de Magalhães realizou a primeira viagem de circunavegação do globo (Não caramba!! A Terra não é plana!). Mas por quê falei de todas essas coisas? Pra mostrar como a Espanha era #@$& e tava com tudo nos mares também.
As rivalidades Ibéricas
Como Portugal e Espanha tavam lado a lado nas navegações, buscando evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir, elas resolveram assinar um acordo. Esse acordo foi proposto pelo papa Alexandre VI em 1493. De acordo com isso, uma linha vertical imaginária (um meridiano) passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, dividia as terras entre Portugal e Espanha. Portugal não aceitou de cara o acordo mas no ano de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas. Esse tratado dizia que as terras ao leste da linha seriam portuguesas e oeste seria da Espanha. Nesse acordo os portugueses ficaram com um pedaço do Brasil, ele não chegava nem ao Rio Grande do Sul. Parando no cantinho de Santa Catarina. Esse acordo deveria ser respeitado entre as duas e foi, durante um tempo. Mas um detalhe é que na época, ninguém das demais nações europeias se preocupou em reconhecer esse tratado. Pra elas, esse tratado era uma piada entre Portugal e Espanha.
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Referências bibliográficas:
AMADO, Janaina. FIGUEIREDO, Luiz Carlos. A formação do império português (1415-1580). São Paulo: Atual, 1999.
CROUZET, Maurice (dir.). História Geral das Civilizações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. (17v)