Escravidão no Brasil
A Escravidão no Brasil Colônia foi um dos períodos mais longos e tristes que temos em nossa história, do qual até hoje deixaram marcas que são difíceis de esquecer. Durante esse período diversos homens e mulheres foram retirados do continente africano para trabalhar como escravos, sendo forçados a trabalhar contra a vontade, recebendo castigos corporais para manter a disciplina, e sendo propriedade de outra pessoa, como se fossem objetos. Arranjar um escravo era como comprar uma ferramenta, você pagava por ele e ganhava uma nota fiscal, como se estivesse comprando um martelo ou um Smartphone. Para ir mais a fundo sobre quais motivos levaram os portugueses a escravizar pessoas em busca do lucro vamos apenas revisar como se deu a exploração econômica do nosso país.
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Antes de tudo, temos que ter em mente que o Brasil era a colônia de Portugal. Ser colônia de outra nação europeia significa que você pertence à ela unicamente com o intuito de gerar dinheiro. Esse era o olhar do colonizador para sua colônia. Desde que iniciaram as plantações os portugueses procuraram alguma saída para o problema da falta de mão de obra. No início, a saída era a escravização de indígenas porém escravizar o índio era uma tarefa complicada. Primeiro pois havia um tabu sexual quanto a plantação. Para os índios, a agricultura era trabalho da mulher, os índios do sexo masculino se recusavam a fazer essa atividade. Também havia as doenças trazidas pelos portugueses que dizimavam os indígenas , por fim, a Igreja Católica reprimia escravidão indígena sob o contexto de catequizar os índios. Toda essa proteção ao escravo indígena não valia ao escravo negro.
Com o projeto da escravidão, criou-se uma verdadeira empresa escravista que ia de barco até África e roubava pessoas de tribos como Bantos ou Benguelas, e de áreas como Congo, Guiné, Angola ou Moçambique. A escravidão não era uma coisa nova. Desde a antiguidade, pessoas vencidas em guerras ou que não tinham como saldar suas dívidas eram usadas em trabalhos escravos, contudo, o tratamento que recebiam nessas sociedades eram diferentes podendo muitas vezes comprar sua liberdade e fazerem parte da sociedade, coisa que não existia no Brasil.
A procura por escravos na África muitas vezes era feita pelas tribos vizinhas que trocavam os prisioneiros por produtos como fumo, aguardente e armas. Passados desse ponto eram trancafiados nos navios chamados de “tumbeiros”, que nada mais eram que barcos adaptados para carregarem os escravos da África para as Américas. As condições de higiene dos barcos eram péssimas, sendo que muitos morriam durante a viagem, sendo lançados ao mar. Assim, os que sobreviviam e acabavam chegando ao solo americano, eram vendidos em verdadeiros mercados, onde eram comercializados como animais. Assim os melhores escravos recebiam um preço que variava de acordo com o porte físico, qualidade dos dentes e outras qualidades que eram atribuídas a bons trabalhadores, como canelas finas ou calcanhares altos.
Em todo o continente americano foi utilizada a mão de obra escrava, mesmo os países de origem inglesa como os Estados Unidos, ou de origem espanhola utilizaram a mão de obra escrava africana. No Brasil, o trabalho escravo teve importância fundamental na economia, pois era através dos escravos que toda a riqueza era produzida no Brasil, foram eles quem fizeram a colônia e os seus escravistas prosperarem. O detalhe é que os escravistas eram as pessoas influentes no governo. Por esse motivo demorou tanto tempo para que a escravidão fosse abolida em terras brasileiras, sendo o último país da América a abolir o trabalho escravo.
Uma vez escravo você era completamente descaracterizado. Você provavelmente se esqueceria de quem você era. Uma vez no Brasil, os escravos eram proibidos de falar seu idioma natal; devendo falar somente português. Além, era proibido de professar sua religião. Por isso os escravos eram obrigados a converterem-se para o cristianismo.
Apesar dessa importância que o trabalho do escravo representava para o seu dono, vamos comentar novamente que o escravo era uma propriedade de seu senhor. Ele não possuía qualquer direito e dependia do seu proprietário para receber os elementos mais básicos à sua sobrevivência, como a alimentação e as suas vestimentas. Ele devia estar sempre pronto para trabalhar e seu trabalho era sempre vigiado pelos chamados capitães-do-mato, cuja obrigação era capturar os escravos fugidos e lhes aplicar os mais diversos tipos de castigos, como o açoitamento, o tronco, peia, entre outras punições. Essas punições serviam para disciplinar o escravo, mas contribuíam para diminuir o tempo de vida do trabalhador. Resumindo a história, o escravo executava o seu trabalho nas mais desumanas das condições.
A mão de obra escrava
Os escravos foram muito utilizados nas fazendas de cana de açúcar, posteriormente utilizados também nas minas de ouro (a partir do século XVIII). A plantação de cana de açúcar foram inicialmente feitas na região “da Mata”, no litoral nordestino, em grandes fazendas que produziam apenas esse gênero agrícola. Esse modelo de monocultura (cultura de um só produto) em grandes propriedades tinha o intuito de exportar sua produção. O nome desse modelo de exploração é conhecido como Plantation. O açúcar dessas Plantations era muito bem aceito na Europa, e isso fez a região enriquecer muito enquanto as outras regiões do Brasil continuavam pobres, motivo pelo qual a capital do Brasil era na região nordeste, em Salvador.
Além dos tradicionais escravos das fazendas de açúcar, existiam os escravos domésticos, que como indica o nome, trabalhavam nas casas de seus senhores, realizando serviços como cozinhar e costurar. Além desses existiam casos de escravos que prestavam serviços remunerados e deveriam pagar parcela de sua renda ao seu proprietário, os chamados “escravos ao ganho”. Outro tipo de escravo encontrado eram os alugados pelos seus senhores para desenvolver algum ofício (pedreiro, carpinteiro, cozinheiro, ama de leite) para outras pessoas, sendo assim chamados de “escravos de aluguel”. Estes dois últimos tipos de escravos desenvolviam suas tarefas geralmente nos espaços urbanos. Um comentário importante de se fazer é que havia por parte dos senhores de escravos uma repulsa pelo trabalho. O trabalho era considerado coisa de pobre, ou de negros, por isso nenhum dos senhores de escravos gostava de trabalhar, precisando dos escravos para quase tudo.
Cultura e resistência
Resistir era difícil para os africanos em solo brasileiro porém muitos escravos encontraram maneiras de lutar contra a escravidão seja culturalmente ou através da força física mesmo. No campo cultural, a conversão para o catolicismo era obrigatória, os africanos que moravam no Brasil procuraram formas de poder professar sua religião de maneira disfarçada, para isso eles adotavam práticas cristãs nas suas manifestações religiosas. Em parte, esse sincretismo (fusão de diferentes cultos ou doutrinas religiosas) promoveu certa perda de sua identidade. Contudo, muitos escravos, mesmo se reconhecendo como cristãos, não abandonaram a fé nos orixás, voduns e inquices oriundos de sua terra natal. Ao longo do tempo, a coexistência das crendices abriu campo para que novas experiências religiosas – dotadas de elementos africanos, cristãos e indígenas – fossem estruturadas no Brasil. Nascendo assim cultos religiosos como a Umbanda.
Por outro lado, alguns escravos conseguiam conquistar sua liberdade, mesmo que provisoriamente. Com o passar do tempo grupos de escravos fugitivos começassem a estabelecer assentamentos em áreas remotas da colônia, esses assentamentos eram conhecidos como quilombos. Os quilombos eram comunidades autossuficientes, simples e sempre extremamente escondidos no interior do Brasil. Infelizmente os quilombos tinham vida curta. Senhores de escravos se uniam para contratar tropas para derrubar os quilombos, muitos bandeirantes eram empregados nessas tarefas.
A vida no quilombo oferecia liberdade e oportunidade de resgate da cultura perdida pela opressão da escravidão. Nos quilombos é que se desenvolveu a capoeira. Uma forma de luta que foi escondida atrás de uma dança para evitar a proibição dos senhores de escravos nas plantações. O escravo de maior renome na defesa dos Quilombos foi Zumbi, no quilombo de Palmares, localizado onde hoje fica o estado de Alagoas. Ao todo, o Quilombo dos Palmares sobreviveu quase cem anos, graças as lutas de Zumbi, e de outros escravos que deram suas vidas para conquistar a liberdade.