A Revolução Russa
A Revolução Russa é considerada o modelo clássico de revolução dos trabalhadores (proletários). Essa revolução retirou o rei do trono, o poder dos burgueses e destruiu a ordem capitalista. Lançando os fundamentos do primeiro estado socialista da história da humanidade.
(Slides no fim do Post)
A Rússia Antes de 1917
Em 1894, subiu ao trono russo o czar Nicolau II. Desde o século XVI, o país era uma monarquia absolutista. A nobreza era proprietária de 25% das terras cultiváveis do país, e a grande maioria da população, mais de 80%, estava ligada direta ou indiretamente à terra. As condições de vida da maior parte dos camponeses eram péssimas. Com péssimas condições de moradia e alimentação muito precária, comendo só pão, batatas e alguns cereais. No plantio e na colheita eram usados instrumentos agrícolas antigos, como o arado de madeira e a foice. Apenas em algumas grandes propriedades adotava-se uma tecnologia moderna, que permitia o aumento da população. Raramente havia escolas nas aldeias e a maior parte da população era analfabeta.
Nas cidades, a vida não era muito diferente da do campo. Como a economia era essencialmente agrária, a Rússia tinha poucas indústrias. Na realidade boa parte da industrialização da Rússia havia sido paga com dinheiro francês tanto que boa parte das empresas pertenciam a proprietários estrangeiros, principalmente franceses, ingleses, alemães e belgas. Todas as empresas operavam de forma semelhante as empresas da Revolução Industrial. Então podem pensar em todos os problemas que os trabalhadores já enfrentaram em outros países tais como jornadas de trabalhos gigantescas, sem direitos trabalhistas nenhum, etc. O que complica esse cenário é que a população urbana da Rússia sofria todos os problemas enfrentados pelas nações industrializadas nos passado mas ao mesmo tempo que recebia as indústrias conhecia os relatos de lutas e conquistas dos operários em países vizinhos.
Essas ideias influenciaram associações de pessoas que cogitavam a possibilidade de fazer uma revolução para melhorar a situação do país como é o caso do Partido Operário Socialdemocrata Russo, ou POSDR, fundado em 1898. Dentro do partido destaca-se a figura de Vladimir Ilyich Ulyanov, ou Lênin para os mais íntimos. Lenin vai assumir a direção do partido mais tarde, mas nesse momento o partido não tinha adesão do povo russo, apenas sonhava com a revolução.
O jeito do Czar de lidar com os problemas
Os problemas Russos pioraram após a derrota guerra Russo-Japonesa (1904-1905). O Czar incentivou a guerra com intuito de expandir o império disputando por áreas de influência no continente e territórios na China. Essa derrota arrasou com a economia russa entrando numa grave crise econômica. A crise provocou descontentamento de diferentes grupos sociais assim começaram greves e movimentos reivindicatórios como os Narodniks, que pregavam um retorno ao campo e uma espécie de socialismo mais puro, centrado em uma democracia direta. Com o tempo os Narodnicks viram que a realidade do campo era muito precária, então migraram para movimentos armados, todos duramente reprimidos pela polícia czarista, como o Narodnaia Volia. Esses movimentos eram tão violentos que chegaram ser responsáveis pelo assassinato do Czar Alexandre II jogando uma bomba na sua carruagem.
Eis que, num domingo de janeiro de 1905, trabalhadores de São Petersburgo, então capital do Império Russo, organizaram uma manifestação pacífica para entregar a Nicolau II um documento em que reivindicavam melhores condições de vida e melhores salários. A população acreditava que sua deplorável condição de vida ocorria devido a desconhecimento dos seus nobres, em especial do Czar. Então, incia-se uma marcha pacífica com os manifestantes caminhando através das ruas carregando símbolos religiosos como cruzes e estandartes religiosos, outros bandeiras nacionais e retratos do czar. A multidão era formada adultos e crianças de ambos os sexos, comandadas pelo padre George Gapon, todos dirigindo-se ao Palácio de Inverno, residência do czar. O problema é a recepção da multidão pela parte das tropas do governo, que estavam de prontidão. Os manifestantes foram recebidos a tiros de fuzil. Reza a lenda que o Czar não estava no palácio esse dia, nem sabe-se ao certo no número de feridos, mas estima-se algo entre 200 a 1000 mortes e centenas de feridos. Toda essa desgraça fez com que o incidente recebesse o nome de Domingo sangrento, iniciando uma série de conflitos em toda a Rússia.
A alma revolucionária
Para enganar o povo e parecer que está fazendo algo para diminuir as tensões o Czar convoca uma espécie de parlamento chamado de Duma. A duma dava para o povo a possibilidade de criar partidos políticos que canalizariam as insatisfações do povo, mas no fundo o elas eram controladas pelo Czar, pois ele poderia dissolver as dumas a qualquer momento. As dumas elegeram parlamentares que não podiam fazer nada para melhorar a situação do país. Esse descaso do governante contribuiu para a difusão e a aceitação das ideias socialistas entre os movimentos sociais russos (ideias elaboradas pelos alemães Karl Marx e Friedrich Engels no século passado). Assim, essas idéias se tornariam a base da Revolução Russa.
Voltando um pouquinho no tempo, em 1903 o POSDR havia dividindo-se em duas vertentes: 1) menchevique (ou minoria), que pregava que a revolução tinha que ter o apoio da burguesia e o pleno desenvolvimento do capitalismo no país para derrubar o czarismo, para depois apoiar a classe operária. 2) bolchevique (ou maioria): que dizia que somente através de uma ditadura do proletariado e através de uma aliança entre o campo e trabalhadores da cidade era possível tal revolução. Depois dos eventos de 1905, graças ao descontentamento com a duma, surgiram nas fábricas os sovietes. Uma espécie de conselho de trabalhadores, compostas de revolucionários, liberais e democratas que se encarregavam de coordenar o movimento operário contra o czarismo do Nicolau II. Mais tarde, os sovietes teriam papel decisivo na revolução de 1917 mas nesse momento eles ressuscitaram o espírito revolucionário do POSDR que contava com força nova sob as lideranças de Leon Trotsky e Josef Stalin. Além do Lênin é claro.
O estopim da revolução
Como se não bastasse todos os problemas, em agosto de 1914 a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial contra a Alemanha e a Áustria-Hungria. Na cabeça do Czar Nicolau II, a guerra era uma oportunidade de conquistar territórios nas balcãs, expandindo o Império Russo e diminuindo a insatisfação popular. Claro que não foi somente pensando no bem do país entraram na guerra. Também havia muita pressão inglesa e francesa para o apoio da Rússia devido a todos os empréstimos dados para a industrialização do país. A crise provocada por participar de uma guerra da qual nem devia ter entrado acelerou o processo revolucionário. Os soldados russos mal-armados e mal alimentados, foram dizimados em derrotas sucessivas. Em dois anos e meio de guerra, a Rússia perdeu 4 milhões de pessoas. Em 1917, as greves provocadas pela escassez de alimentos ocorriam por todo o país. Em 27 de fevereiro desse mesmo ano, uma multidão percorreu a capital do Império pedindo pão e o fim da guerra. O exército não reprimia mais as greves e as críticas ao sistema monárquico estavam em todos os lugares. A insatisfação era tanta que o czar abdicou, deixando um governo provisório chefiado pelo príncipe George Lvov, dando início à revolução branca. Esse governo, dominado pela burguesia russa, decidiu continuar na guerra, com planos de uma grande ofensiva contra a Áustria-Hungria (que também não deu certo). O que temos a seguir são duas etapas da revolução seguidas de uma guerra civil. Naquele momento, vários grupos com diferentes propostas políticas disputando pelo poder. Tais como:
- O Partido Democrático Constitucional, partido da burguesia e da nobreza liberal, era favorável à continuação da guerra e ao adiamento de quaisquer modificações sociais e econômicas.
- Os bolcheviques (maioria) defendiam o controle das indústrias pelos operários, a saída da Rússia da guerra e o confisco das grandes propriedades. O partido havia ganho muita força com o apoio dos sovietes de operários e soldados.
- Os mencheviques (minoria) que eram favoráveis ao burgueses tanto que não admitiam a derrota na guerra mas eram contrários à guerra. Confusos e divididos internamente quanto aos rumos que o país deveria tomar, foram perdendo importância política.
A partir de agosto de 1917, os bolcheviques passaram a dominar os principais sovietes e a preparar a revolução. No soviete Petrogrado, novo nome de São Petersburgo, foi constituído o Comitê Militar para a Realização da Revolução. Sob o comando de Trotski, no dia 25 de outubro, os bolcheviques ocuparam os pontos estratégicos de Petrogrado e o Palácio do Governo. Na manhã do dia seguinte, os sovietes da Rússia, reunidos em Congresso, confirmavam o início da revolução vermelha, confiando o poder a um Conselho de Comissários do Povo. O Conselho era presidido por Lenin. As primeiras medidas do governo revolucionário foram:
- Retirada da Rússia da guerra;
- Supressão das grandes propriedades rurais, confiadas agora à direção de comitês agrários;
- Controle das fábricas pelos trabalhadores;
- Criação do Exército Vermelho, com a finalidade de defender o socialismo contra inimigos internos e externos.
A vitória do Vermelho
Mesmo com a tomado do poder pelos Bolcheviques o país ainda teve que superar três anos de guerra civil. O confronto foi entre as tropas vermelhas (bolcheviques) contra o exército branco, composto por antigos oficiais do czar, defensores da monarquia e demais grupos políticos que eram contra os bolcheviques. O exército branco temia que a revolução se espalhasse pelo continente. Porém essa prática nunca aconteceu da forma que o exército branco temia devido a forma de governo adotada por Stalin. Nesse momento Trotski se destacou como grande articulador do exército branco reunindo do lado bolchevique um país esgotado, recém-saído da Primeira Guerra Mundial.
Somente em 1921 a guerra acabou. O país estava unificado e foi colocado e prática um plano que havia sido idealizado por Lenin, com um plano que ficou conhecido como Nova Política Econômica (NEP), os bolcheviques deram início à recuperação da economia russa. Elaborada em 1921, a NEP procurou concentrar os investimentos nos setores mais importantes da economia. Entre as medidas adotadas encontravam-se:
- Produção de energias e extração de matérias-primas;
- Importação de técnica e de máquinas estrangeiras;
- Organização do comércio e da agricultura em cooperativas;
- Permissão para a volta da iniciativa privada em diversos setores da economia, como o comércio, a produção agrícola e algumas formas de atividade industrial. Todos os investimentos tinham o rígido controle do Estado, muitos deles eram feitos em empresas estatais.
Vários Estados que tinha separado da Rússia durante a revolução – como a Ucrânia – voltaram a se integrar e formaram, em 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), um Estado federativo composto por quinze repúblicas. Com a morte de Lênin, em 1924, Stalin (secretário-geral do Partido Comunista) e Trotski passaram a disputar o poder. Stalin (que não era o favorito de Lênin) defendia a ideia de que a União Soviética deveria construir o socialismo em seu país e só depois tentar levá-lo a outros países; Trotski achava que a Revolução Socialista deveria ocorrer em todo o mundo, pois enquanto houvesse países capitalistas, o socialismo não teria condições de sobreviver isolado. Stalin venceu a disputa. Trotski foi expulso da URSS. A União Soviética ingressou, então, na fase do planejamento econômico. Foi a época dos planos quinquenais, inaugurada em 1928. Os planos se sucederam a transformaram a União Soviética numa potência industrial. Contudo, a violência foi amplamente empregada pelo governo para impor sua política.
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