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A Revolução Farroupilha

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Bom, se você chegou a esse post pesquisando como Revolução Farroupilha, você com certeza é do Rio Grande do Sul, mas se você pesquisou por Guerra dos Farrapos ou Revolta dos Farrapos. Também está no lugar certo. Antes de começar a explicar o conteúdo, quero apenas fazer um disclairmer, pois muito se discute sobre o uso do termo “revolução”. Quer saber? No final do post eu vou conversar sobre isso. Por hora, apenas entenda que esse foi a mais longa revolta durante o período regencial no Brasil. Ela também foi responsável por colocar o Rio Grande do Sul em destaque nacional. Quer saber mais? Então segue a leitura.

A revolução farroupilha no contexto regencial

Aproveitando, temos um post sobre o período regencial nesse link aqui: AQUI!

Sugiro mesmo que você leia o post que marquei acima se não entender o que foi o período regencial. Digo isso pois aqui no Sul o pessoal fica muito furioso sempre que falo que a Revolução Farroupilha foi mais uma revolta regencial. Isso se deve ao fato que não tinha uma autoridade central que unificasse o Brasi. O rei havia adbicado do trono indo virar rei de Portugal (ele picou a mula do Brasil). E esse vazio foi uma oportunidade de ouro onde toda província que pudesse reivindicar o poder acabasse se rebelando. Então não foi uma revolta e sim várias, de Norte a Sul do Brasil.

Uma revolta da elite

No Rio Grande do Sul, a região da campanha era a região mais rica do estado. No Rio Grande do Sul a pecuária tornou-se a principal atividade da economia gaúcha. E especialmente Ao longo do processo de diversificação das atividades econômicas do país, os estancieiros (fazendeiros) sulistas tornaram-se os principais produtores de charque do Brasil. Esse produto, devido sua importância nos hábitos alimentares da população e seu longo período de conservação, articulou a economia agropecuária sulista com as regiões Sudeste e Centro-oeste do país.

Durante o Primeiro Reinado e Regência, vários impostos impediam a ampliação dos lucros dos fazendeiros sulistas em consequência do encarecimento do preço final do charque gaúcho. Não bastando os entraves tributários, a concorrência comercial dos produtos da região platina colocou a economia pecuarista gaúcha em uma situação insustentável. Buscando acordo com o governo central, os estancieiros gaúchos exigiam a tomada de medidas governamentais que pelo menos garantissem o monopólio sulista sob o comércio do charque.

O estopim da Revoluçao Farroupilha

Em 1836, inconformados com o descaso das autoridades imperiais, o grupo conhecido como jurujubas, liderado por Bento Gonçalves exigiu a renúncia do presidente da província do Rio Grande do Sul e invadiram a capital. Em resposta à invasão feita na cidade de Porto Alegre, um grupo de defensores do poder imperial, também conhecidos como chimangos, conseguiu controlar a situação em junho daquele mesmo ano. Logo após a batalha de Seival, de setembro de 1836, os revolucionários venceram as tropas imperiais e proclamaram a fundação da República de Piratini ou República Rio-Grandense.

Com a expansão do movimento republicano, novas lideranças revolucionárias surgiram na região de Santa Catarina. Assim, sob a liderança de Giuseppe Garibaldi e David Canabarro, os revolucionários fundaram a República Juliana, que deveria se confederar à República Rio-Grandense. Dessa vez, as tropas imperiais, melhor preparadas, conseguiram fazer frente aos revoltosos, que, devido à participação popular, ficaram conhecidos como farrapos. Por outro lado, sob a liderança do Barão de Caxias, as forças imperiais tentaram instituir a repressão ao movimento.

Uma trégua

Mesmo não conseguindo aniquilar definitivamente a revolta, o governo imperial valeu-se da crise econômica instaurada na região para buscar uma trégua. Cedendo às exigências dos revolucionários, o governo finalmente estabeleceu o aumento das taxas alfandegárias sobre o charque estrangeiro. A partir daí, Duque de Caxias iniciou os diálogos que deram fim ao movimento separatista.

Em 1844, depois da derrota farroupilha na batalha de Porongos (que serviu para exterminar os escravos que participaram da revolta), um grupo de líderes separatistas foi enviado à capital federal para dar início às negociações de paz. Após várias reuniões, estabeleceram os termos de rendição na Paz de Poncho Verde, em março de 1845. Com a assinatura do tratado foi concedida anistia geral aos revoltosos, o saneamento das dívidas dos governos revolucionários.

Revolta ou Revolução Farroupilha

Que nem iniciei na introdução desse post, a revolta dos farrapos não pode ser encarada como uma revolução farroupilha. Do ponto de vista político, quando temos revoluções, temos mudanças na estrutura política e/ou econômica do lugar. Quando pensamos em revolução francesa, de fato houve uma mudança drástica na estrutura de poder francesa. Temos a saída de uma monarquia absolutista e a substituição por um governo burguês. Mas voltando à revolução farroupilhas, não houve mudança nas lideranças políticas do Rio Grande do Sul depois da revolução. Pelo contrário, o governo imperial perdoou os revolucionários trazendo-os de volta ao lado do governo e a escravidão também foi mantida.

Por fim, quero destacar o carater elitista da revolta. A elite agropecuária carregou o Rio Grande do Sul para  uma guerra que durou dez anos, pois queria reivindicar um melhor preço para o charque gaúcho. Em contrapartida, a Sabinada, justamente por se tratar de uma revolta de origem popular teve seus líderes presos e/ou executados. Enquanto aqui, o governo imperial não poderia executar as elites locais. Melhor era acertar a paz e trazê-los de volta para o lado do governo imperial. Vida que segue.

Caso extra: O massacre dos porongos

O Massacre dos Porongos, que ocorreu em 1844, representa um dos episódios mais trágicos da Revolução Farroupilha. Durante o conflito, os líderes farroupilhas prometeram liberdade aos negros que jurassem lutar ao seu lado, o que atraiu muitos guerreiros negros para a causa. No entanto, essa aliança se revelou devastadora, pois as tropas farroupilhas, em um momento crítico, atacaram seus próprios aliados, resultando em um massacre que levou à morte de numerosos combatentes negros. Assim, o sonho de liberdade se transformou em desilusão, marcando um ponto crítico na luta dos farroupilhas.

Esse massacre foi considerado necessário pelos farroupilhas para facilitar a assinatura da paz de Poncho Verde, já que a abolição da escravidão era um tema impensável em 1845. Naquele período, os interesses econômicos atrelados à manutenção da escravidão prevaleciam sobre as promessas de liberdade. A abolição da escravidão no Brasil só ocorreria mais de quatro décadas depois, em 1888, enquanto a luta dos negros por seus direitos e pela liberdade continuava. Portanto, o Massacre dos Porongos simboliza não apenas a traição dos ideais de igualdade, mas também a complexidade das relações sociais e políticas durante um período conturbado da história brasileira.

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