Reino de Kush
Também chamado em alguns livros aportuguesados de reino de Cuxe. O reino de Kush foi um dos mais importantes reinos antigos da África central. Ele sobreviveu ao todo por quase oito séculos (nove segundo alguns autores), tornando-se um reino de duração tão longa quanto o próprio Egito. A história de Kush está muito ligada à história de diversos reinos incluindo o império romano, só que somente recentemente ele começou a fazer parte dos livros de história das escolas públicas.
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Antes de mais nada, o reino fica localizado onde hoje temos o território do Sudão. Desde sua formação ele ficou nas margens do rio Nilo, porém muito mais abaixo do território Egípcio. Cuxe não fazia ligação direta com o Egito, somente quando dominou o território deles. Também, não sabemos ao certo qual a data da criação do império, mas temos citações em textos egípcios do século XX a.C. A relação entre o Egito e Kush é muito delicada, para termos uma ideia os reinos se encontraram em diversas batalhas mas em 713 a.C. houve um domínio Kushita no Egíto dando origem ao que ficou conhecido como a Dinastia dos Faraós Negros.
Dominar o Egito era uma tarefa complicada. Por ser um posto comercial muito conhecido, muitos povos da antiguidade almejavam dominar a região, por esse motivo diversos conflitos ocorreram enquanto houve o domínio do Egito. Os kushitas enfrentaram a maior de suas batalhas contra os Assírios, no início conseguiram resistir, porém Assurbanipal dominou o Delta do Nilo em 663 a.C. A partir desse momento reino transfere sua capital para Meroé, bem mais ao sul para fugir dos conflitos egípcios.
Na Bíblia e em diversos textos antigos temos menções ao reino que agora ficou conhecido como reino Meroíta. Durante os séculos que se seguem, o Egito foi dominado por povos como assírios, persas, hititas, macedônicos e romanos. O reino Meroíta sempre manteve boas relações comerciais com o Egito e mesmo com diversos outros povos do sul da África, tornando-se um importante posto de comércio no mundo antigo. O comércio Kushita era mantido principalmente pelo comércio de ferro. A tecnologia da metalurgia era tão avançada para a época que no século XV, os portugueses ainda desconheciam tal tecnologia.
A decadência do império deu-se após o domínio romano do Egito. Os romanos tentaram invadir Kush porém não obtiveram sucesso no empreendimento. Como o império não via necessidade de expandir tão ao sul, eles cortaram o abastecimento comercial com os meroítas, o que acabou enfraquecendo economicamente o reino que agora não obtinha mais recursos do Norte da África e itens que antes vinham da Europa através do Egito. Meroé entrou em decadência sendo dominada pelo reino de Axum, do sul da África.
A sociedade de Kush
No topo da sociedade estava o rei. Seguido pela sua família e sacerdotes. Na coroa do rei era comum ter duas serentes, símbolo que foi usado mesmo na época em que eles governavam o Egito. Na sociedade os guerreiros eram reconhecidos por toda a África antiga e o comércio era sustentado tanto por artesãs quanto pela extração de ouro, ferro e pedras preciosas visto que o solo de Kush era muito rico nesses minérios. O estranho era que a riqueza era calculada com base nos rebanhos que você possuía não em terras ou metais preciosos. Por fim, abaixo dessas classes temos os agricultores, pastores e escravos. Lembrando que os escravos eram obtidos nas guerras ou por dívidas.
Os kushitas não possuíam uma sociedade fundamentada na religião da mesma forma que os egípcios. A escolha do rei era feita pela adivinhação através da leitura da posição da queda de sementes que eram jogadas ao ar. Somente os mais aptos ou líderes de comunidades vizinhas podiam se candidatar ao cargo. Paralelamente ao poder exercido pelo rei, existia a Candace, que era a mãe do rei. Ela ocupava a posição de conselheira. Pela tradição, ela adotava a esposa do filho como filha, podendo influenciar na política tanto através do filho como da nora. E, em determinados casos podia assumir o trono em caso de morte do filho. Por várias vezes, a rainha-mãe ocupou, ela própria, o poder político. Entre as candaces que chegaram ao poder encontra-se Amanishaketo (42-12 a.C.), candace que provavelmente enfrentou o império romano.
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