O segundo reinado
Pedro de Alcântara, filho de Pedro I, só poderia assumir o governo ao atingir 18 anos. Os representantes do partido Liberal resolveram antecipar a maioridade do jovem para declará-lo como maior de idade. Assim, com 15 anos ele foi coroado imperador. Dessa forma, com o “Golpe da Maioridade” Pedro vira D. Pedro II e inicia o segundo reinado do Brasil.
Seu governo foi marcado por estabilidade política, um governo descentralizado, crises externas e internas. Tais como o fim da exploração da cana-de-açúcar em grande escala assim como a abolição da escravidão. D. Pedro II procurou atender aos interesses dos ricos proprietários rurais que eram membros do Partido Liberal e do Partido Conservador. Ao contrário do pai D. Pedro I que governou de forma autoritária, com todos os poderes concentrados em suas mãos. Pedro II dividiu os poderes com o Parlamento, isto é, com a Assembleia Geral.
Apesar das elites contarem com o apoio do imperador, fora do Brasil, a concorrência na produção de cana-de-açúcar fez com que o preço da mercadoria despencasse. Desde a colonização o Brasil era um país predominantemente exportador de Cana-de-açúcar. Então nada mais normal que o perfil da elite brasileira fosse de latifundiários, canavieiros e escravistas. Essa concorrência na produção fez com que desde 1750 seu poder econômico ruísse. Esse lento processo de queda no preço do açúcar brasileiro deu espaço para um novo produto agrícola. Em 1850 entra na economia brasileira o café. Sua entrada tirou grande parte do poder econômico da elite tradicional. Posteriormente veremos que isso, aliado ao fim da escravidão acabou pondo fim a todo o poder e que a saída de um grupo acaba permitindo que outro grupo assuma. Por esse motivo é que tivemos o fim do império em 1889. Mas veremos isso em outra aula. Pra finalizar esse texto, vamos ver mais uma crise que foi a Guerra do Paraguai (1865-1870).
O Paraguai tornou-se uma república independente em 1811, separando-se do Vice-Reino do Prata. Seu território não tinha saída para o mar, o que seria algo muito bom para entrada e saída de mercadorias do país. A preocupação com o isolamento do Paraguai fez com que seus governantes passassem a se preocupar com o desenvolvimento do país.
No governo de Francisco Solano Lopez, que teve início em 1862, o Paraguai não dependia de quase ninguém já que, produzia todos os alimentos de que precisava, tinha uma fábrica de armas e de pólvora e terras produtivas em fazendas estatais. Já que dentro de casa tudo estava organizado, era a vez de se preocupar com o exterior. O Paraguai não podia viver isolado, pois precisava vender seus produtos. Por esse motivo é que era tão importante uma saída para o mar. Infelizmente o único caminho possível era navegar através dos rios Paraguai, Paraná e da Prata, até chegar ao Oceano, mas ele passava por outros países.
O estopim da guerra foi quando em 1864, forças paraguaias invadiram Mato Grosso, atravessando o território argentino. O governo argentino, porém, negou-se a autorizar a passagem por seu território. Com o apoio da Inglaterra. O Brasil uniu-se ao Uruguai e Argentina para atacar o Paraguai, formando a Tríplice Entente. O que seguiu agora foi uma guerra terrível que destruiu o território paraguaio. Estipula-se que de metade a dois terços da população morreram nos combates. De um lado temos o ditador paraguaio Solano Lopez que enviou para frente de batalha crianças e velhos quando não tinha mais soldados para enviar. Enquanto do outro lado temos um imperador que obrigou as tropas brasileiras a continuar a guerra até a prisão ou morte de Solano Lopez. A vergonha era tamanha que o general Luís Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, afastou-se da guerra sendo substituído pelo Conde d’Eu, genro do imperador.
O bagulho foi tão feio, que na batalha de Campo Grande (ou Acosta Ñu, para os paraguaios), em 16 de agosto de 1869, cerca de 20 mil soldados brasileiros lutaram contra aproximadamente 3.500 menores paraguaios, que morreram em sua maioria. Por causa dessa batalha, o Dia da Criança no Paraguai se celebra em 16 de agosto.
No fim, somente saiu feliz da batalha a Inglaterra que lucrou muito emprestando dinheiro para financiar a guerra. O Brasil teve que financiar títulos de dívida pública para a população pagar a guerra (em outras palavras, pediu dinheiro emprestado para a população). Mas… ao lutar com três outros exércitos “de verdade” (Paraguai, Argentina e Uruguai), o exército brasileiro volta pra casa com outra mentalidade: determinado a deixar de ser o exército do imperador e tornar-se “o exército brasileiro”.