Aulas de História

Mesopotâmia

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A Mesopotâmia (atualmente Iraque).

A antiga Mesopotâmia foi um dos primeiros lugares do ocidente a fazer a Revolução Neolítica (a mudança de dependente da natureza para interventor da natureza). Por esse motivo temos um dos mais antigos indícios de civilizações do período e pelo mesmo motivo a região foi alvo de várias civilizações no que podemos chamar de um curto período de tempo. 

Localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates, a Mesopotâmia fica onde hoje é um local supertranquilo, conhecido como Iraque. A grande importância dessa região é que ela sofreu a dominação de vários povos por conta de sua vantajosa situação geográfica “entre-rios” (no grego meso seria “meio” e potamos, seria “rio”) e por uma característica especial de seu rio, que era a cheia anual. A cheia anual dos rios Tigre e Eufrates devem ser vistas de duas formas: primeiro o rio Inundava, devastando plantações e tudo que estivesse nas suas margens, porém, quando a água recuava, deixava uma margem extremamente fértil, cheia de sedimentos e com um solo preparado para plantar.

Se olharmos essa questão da cheia com a mudança de pensamento causada pela revolução neolítica conseguimos entender que agora não era necessário buscar alimento longe de casa, mas as antigas atividades agropastoris demandavam um enorme esforço devido a necessidade de terras secas. As inundações anuais da Mesopotâmia prejudicaram esse tipo de prática. Portanto a solução foi criar criar diques para a irrigação e barragens para conter a água em épocas de enchente a fim de proteger habitações e canais para irrigar os locais mais secos. Organizar isso tudo é uma tarefa enorme, e alguns historiadores acreditam que foi graças a isso que surgiram as primeiras classes sociais e a necessidade de termos governantes: justamente para organizar esse processo todo.

Esquema mostrando um rio de Aluvião.

Esse enorme esforço para sobrevivência demandou novas formas de coordenar o trabalho. Onde no início o trabalho era cooperativo, alguns grupos dedicaram-se mais a técnicas ligadas a agricultura, outros ao pastoreio, ou na fabricação de objetos de metal, etc. Ocorria uma maior especialização do trabalho e no III milênio a.C. e na Mesopotâmia fixaram-se famílias que passaram a coordenar os locais dos campos. Eles passaram a acumular grandes quantidades de recursos, o que estimulou trocas entre as famílias e tornou alguns grupos mais economicamente poderosos que outros. De onde havia aldeias, surgem os primeiros aglomerados populacionais. Havia agora a necessidade de coordenar a defesa do território, o que demandou criação de muralhas, estipulação de leis, novas formas de organização do trabalho, da justiça, religião, enfim, necessitava de uma centralização do poder. Nesse contexto é que surgem os grupos poderosos que coordenavam os templos (sacerdotes) e os palácios (rei e sua corte). Embora houvesse uma clara divisão entre o poder dos palácios e dos templos, a religião servia para consolidar o poder dos reis, apresentando os reis como predestinados por deus a governar. Cabia agora a esse rei coordenar a o trabalho decidindo quais locais deveriam ser cultivados, coordenar a edificação de muralhas, criação de exércitos, etc. Agora, vamos ver um pouco dos conquistadores dessa região.

Sumérios

Tablete de escrita cuneiforme.

Vindo de lá mesmo, os sumérios foram os primeiros povoadores Mesopotâmia. Estipula-se que antes de 2000 a.C. eles já existiam por lá. Por esse motivo chamam a região do sul da Mesopotâmia de Suméria. No sul, a Suméria era um local de pântanos e desertos. Incapazes de formar grupos grandes e coesos os Sumérios organizaram-se em cidades-Estados, cuja as principais cidades são: Ur, Uruk, Lagash e Nipur. Essas cidades não funcionavam como um grupo, pelo contrário, eram até mesmo inimigas entre si. O governante de cada cidade-Estado era chamado de patesi. Ele era ao mesmo tempo o chefe militar, político e religioso porém era visto somente como um representante dos deuses na terra e não uma personificação deles.

A economia dos sumérios baseava-se principalmente na agricultura e no o comércio. Porém a sua principal contribuição para o mundo foi a escrita Cuneiforme: um tipo de escrita de sinais feitos em forma cunha “riscos”, com o auxílio de pontas de vime sobre pranchas de argila mole. Essa escrita foi criada principalmente para registrar as transações comerciais. Para se fazer a escrita era necessário marcar uma placa de barro, depois aquecê-la no forno para que a pedra de barro secasse. Obviamente, a civilização acabou por causa da rivalidade entre as cidades-Estados, o que enfraqueceu os sumerianos e os deixou vulneráveis a invasões. Os Acádios derrotaram os sumérios devido a sua desunião dominando sua estrutura política e seu povo.

Acádios

Antes de 2000 a.C., os acádios eram grupos de nômades, vindos do deserto da Síria. Eles estabeleceram-se na região dos sumérios, estendendo-se mais para o norte, criando novas cidades, cuja principal cidade era Acad e o principal governante Sargão I. A economia acadiana baseava-se na agricultura e no comércio. A principal contribuição foi o fato de que sob o domínio dos Acádios que ocorre a primeira unificação entre os povos da Mesopotâmia. A civilização acabou simplesmente porque se encontrava devastada por um povo chamado gutis, vindo dos Montes Zagros, que invadiram e saquearam o território. Em meio a essa devastação foi fácil para os amoritas conquistar os Acádios e Gutis.

Amoritas ou Babilônicos

Mapa do império babilônico.
Mapa do império babilônico.

Do deserto da Arábia surgiu um povo nômade chamado de Amoritas. No início do segundo milênio a.C. os amoritas vão fundar um grande e unificado império na Mesopotâmia. O centro desse império era a cidade da Babilônia. Muito citada em novelas, bíblia e músicas de reggae (hehehe) a Babilônia foi  foi um exemplo de uma grande metrópole, bem organizada e com um caráter multi-étnico.

Iniciada sobre o reinado de Amoreu, a dinastia dos Amoritas vão ficar famosas é sobre o governo de Hamurabi, o rei da sexta dinastia. Hamurabi governou uma extensa faixa de terra que ia até os montes Zagros no norte, ao sul da Suméria e até perto do que hoje conhecemos como Turquia. Para isso ele contou com uma excelente estrutura agrícola graças a um enorme trabalho do Estado de coordenar o desenvolvimento da irrigação através de diques para as fazendas mais longínquas.

Com um território tão grande, a principal preocupação de Hamurabi não era conquistar mais terras e sim manter as terras conquistadas. Para facilitar o processo o rei criou um extenso código de leis, conhecido hoje como o Código de Hamurabi. Esse código, não foi a mais antiga compilação de leis do mundo, porém foi a mais famosa. O “Código de Hamurabi” determinava as classes sociais existentes (homens livres, escravos e sacerdotes), apresentava uma série de penas para delitos domésticos, comerciais, ligados à propriedade, herança, escravidões e falsas acusações. Sempre baseadas na Lei de Talião: “Olho por olho e dente por dente”. Ou seja, todo crime, deve ter uma pena equivalente ao crime. Por exemplo, em um caso de assassinato, o Estado executaria o agressor.

O centro da vida comercial eram os templos. Neles é que se desenvolvia o comércio e o artesanato. Os templos eram donos de terras, que frequentemente as arrendavam para homens livres, cobrando parte da produção para si. Assim notamos que a sociedade babilônia era dotada de pequenas diferenças para os períodos anteriores. Por exemplo, temos um pequeno desenvolvimento da propriedade privada, não somente nas mãos dos templos, mas dos homens livres e funcionários públicos que adquiriam, essas propriedades. Paradoxalmente, a sociedade amorita começou a decair após a morte de Hamurabi, na mesma época que a Mesopotâmia foi abalada por sucessivas invasões, até a chegada dos assírios, que a conquistou.

Assírios

De origem semita (o termo Semita tem como principal designação o conjunto linguístico composto por uma família de vários povos, entre os quais se destacam os árabes e hebreus, que compartilham as mesmas origens culturais), os Assírios viviam do pastoreio e habitavam as margens do rio Tigre. A partir do final do segundo milênio a.C., passaram a se organizar como sociedade altamente militar e expansionista. Realizaram diversas conquistas e expandiram seu domínio para além da própria Mesopotâmia, chegando ao Egito. As principais cidades-Estado do Império Assírio foram Assur e Nínive. A economia passou á basear-se na agricultura, no comércio, pilhagens e tributos pagos pelos povos conquistados. Os assírios ficaram famosos pela translação dos povos conquistados para inibir rebeliões pois, uma vez que misturavam os povos, suas culturas e línguas se misturavam. Essa e outras táticas de conquista e guerra foram carregadas de extrema crueldade faziam a guerra como principal atividade de seu reinado.  Os principais governantes foram Sargão II que entre outras conquistas destruiu a Babilônia e Assurbanipal que invadiu o Egito e tomou Tebas. A civilização acabou pois, mesmo com o exército, o Império não conseguiu se sustentar, em grande parte, pelo fato de que a maioria da população do Império não gostava do regime ao qual estavam submetidos e se rebelaram. Entre as cidades-Estados, o que enfraqueceu os Assírios e os deixou vulneráveis á invasões.

Caldeus ou Segundo Império Babilônico

Os Caldeus formaram o que foi conhecido como Segundo Império Babilônico ou Novo Império Babilônico (entre 612 a.C. e 539 a.C.). Outro povo de origem semita, eles se estabeleceram na Mesopotâmia no início do primeiro milênio a.C. Os Caldeus foram os principais responsáveis pela derrota dos Assírios e pela organização do Novo Império Babilônico. Eles reformaram a Babilônia e fizeram dela sua principal cidade-Estado. Nabucodonosor foi o governante mais conhecido dos Caldeus. Governou por quase sessenta anos e após sua morte os persas dominaram o Novo Império Babilônico.

Durante o período a região aproveitou uma certa paz forçada, devido as violentas repressões contra povos rebeldes. Com uma economia forte que baseava-se na agricultura e no comércio ocorreu um florescimento intelectual e artístico. As principais contribuições foram os Jardins Suspensos da Babilônia (uma das sete maravilhas do mundo antigo) e o Zigurate (uma forma de templo). Quando eles conquistaram Jerusalém realizaram a primeira deportação de judeus para a Mesopotâmia, episódio conhecido como “O Cativeiro da Babilônia”. O Império dos caldeus durou pouco, 73 anos, pois foi incorporado ao Império Persa.

Curiosidades sobre a Mesopotâmia

  • Os jardins suspensos da Babilônia foram uma das sete maravilhas do mundo antigo. Dizem que foi um presente do rei Nabucodonosor à sua esposa. Os jardins suspensos da Babilônia continham berinjelas, cebolas, pepinos e árvores frutíferas.
  • O zigurate mais conhecido da história é a torre de Babel, localizada na cidade de mesmo nome. A torre de Babel é citada no mito bíblico sobre as origens das línguas.
  • O mito do dilúvio universal provavelmente surgiu na Mesopotâmia. Ele é conhecido por muitos historiadores como parte da Epopeia de Gilgamesh. Outro mito hebraico que também pode ter origem na Mesopotâmia é o da criação do mundo.
  • Foram os caldeus que estabeleceram a divisão do ano em 12 meses, da semana em 7 dias, da hora em 60 minutos e do minuto em 60 segundos. Um dia era dedicado para cada deus durante a semana, já os números formavam grupos de 10 e 60.
  • O Código de Hamurabi, rei da antiga Babilônia, continha leis sobre a fabricação e a comercialização da cerveja, além de deveres e direitos dos frequentadores das tabernas.

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